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Resenha: Move Over – Elemento Surpresa (2015)

Sabe quando você olha pra uma coisa e sabe exatamente o que vem pela frente? Foi o que aconteceu quando “Elemento Surpresa” caiu no meu colo. Eu olhei pra capa, vi o cabelo impossivelmente vermelho da vocalista Dri Santana, as roupas pretas, o baterista que não usa mangas, a arte exageradamente cinza tentei não fazer nenhum pré-julgamento antes de ouvir o disco.

Falhei miseravelmente.

A capa, o nome das músicas, o visual da banda, tudo entregou que eu teria longos trinta e nove minutos e quarenta e um segundos pela frente.

Todas as doze músicas do disco tem mais ou menos três minutos, formatinho padrão FM. Todas elas parecem ter sido ensaiadas a esmo. Todas elas tem compressão demais na bateria e timbres gelados na guitarra. Mal escuto o baixo em todas elas. Não crio nenhum sentimento de empatia com nada que estou ouvindo. Minha namorada ao meu lado começa a reclamar. Pego o fone e sofro sozinho. Olho o número do contato de show no verso da capa do CD e imagino quem diabos agendaria um show deles.

Aí quando eu achava que não podia ficar pior, vem “Aqui Estou”, com tecladinhos. Os vocais lembram muito os vícios e trejeitos de cantoras pós-gospel, como Paula Fernandes e Aline Barros, e essa música poderia estar no disco de qualquer uma delas.

Não há identidade aqui, mesmo que tudo pareça algo que foi descartado como trilha sonora de “Malhação”. Não há nenhum experimento, uma música para os fãs, um lado B obscuro e, ao mesmo tempo, não há nenhum single. Tudo soa terrivelmente igual. Querem soar e parecer com uma banda de rock e no final das contas parecem algo que um executivo de gravadora estereotipado montou com um flipchart e uma apresentação em PowerPoint. Pior, parece uma banda de baile.

Bom, o que é que podia se esperar de uma banda que foi no “SuperStar”?

3.5

Elemento Surpresa – Move Over

Gravadora: Universal Music

Sabe quando você olha pra uma coisa e sabe exatamente o que vem pela frente?

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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