Resenha: Wander Wildner – Diversões Iluminadas (2025)
Já não era sem tempo. Ícone incontestável do underground gaúcho, o hippie-punk-brega-trovador Wander Wildner retorna ao cardápio do streaming com “Diversões Iluminadas”, um álbum que funciona e, sobretudo, mostra mais uma vez que a sinceridade é um dos pilares do artista.
Com uma autenticidade que só ele poderia musicalizar, Wildner revisita faixas da sua trajetória e canções que marcaram época em versões que celebram o espírito do rock brasileiro. Mas atenção, tudo ocorre sem soar clichê. E isso é muito bom.
Assim, o grande mérito de “Diversões Iluminadas”, pelo menos pra mim está justamente em sua abordagem. O gaúcho não busca reinventar as músicas radicalmente, mas sim redescobri-las através da simplicidade e intensidade que sempre pautaram sua carreira.
Acompanhado por um time de músicos impecáveis, Wander imprime frescor a cada faixa, mergulhando profundamente nas raízes. Na essência, tem de tudo: de Bob Marley a Foo Fighters; de Secos e Molhados a Daniel Johnson ou de Iggy Pop a Nei Lisboa.
Se há um deslize no disco, talvez seja a ausência de maior ousadia nas escolhas interpretativas. De interpelar e ir além. Mas é um detalhe e nem pode ser chamado de limitação. Até porque Wander Wildner não precisa provar nada a ninguém!
Com isso, só me faz perceber que é um registro que celebra sua trajetória e trata com respeito sua paixão pela música.
Em suma, é um trabalho honesto, pulsante e humano. E em tempos de cada vez mais IA e digitalização da cultura, soa como um elemento analógico, mesmo estando disponível (pelo menos por agora), na internet.
PS: A interpretação de True Love Find You in the End é minha nova faixa favorita de 2025.
Diversões Iluminadas – Wander Wildner
Gravadora: Independente
A capa é horrível, mas o gaúcho de Venâncio Aires mostra como ser faz um álbum sincero e autêntico, mesmo interpretando 12 músicas de diversos artistas.