Ratos de Porão Em Florianópolis: A eterna catarse do punk/HC nacional
Não tem jeito. Quando os Ratos de Porão sobem ao palco, há uma suspensão imediata do tempo. O relógio poderia marcar 1985, 1995 ou 2025. Não faz diferença. A verdade é que, na noite de 4 de abril, o John Bull explodiu como poucas vezes, com a dobradinha histórica entre Garotos Podres e Ratos de Porão, numa apresentação histórica para a Ilha de Desterro.
Infelizmente por motivos profissionais não consegui assistir a apresentação do Garotos, que começou pontualmente às 22h. Fica pra próxima, que já tem data: no dia 24 de outubro, o produtor Pisca já anunciou que a banda se apresenta novamente por aqui, com outra banda a confirmar. Estaremos lá.
Cheguei na casa às 23h30 e a mesma já estava lotada, majoritariamente por adultos que cresceram ouvindo aquela que se tornou a maior banda de hardcore e metal do Brasil, vibrou em sintonia com a energia brutal de João Gordo, Jão, Juninho e Boka. Falar do Ratos é foda, é tu ver a história ali na tua frente, o inferno, a redenção, tudo o que a vida pode te oferecer, de excessos à fracassos; de redenção; de uma atualidade de quem sempre esteve na linha de frente e nunca teve medo de cobrar.
E logo, regionalmente às 00h, entraram no palco para incendiar toda e qualquer alma que estava no recinto. Não sei bem ao todo quantas músicas foram tocadas, mas rolaram os clássicos como “Morrer”, “Beber até morrer”, “Suposicollor”, “Plano furado”, “Difícil de entender”, “Crucificados pelo sistema”, “Aids, Pop, Repressão”, “Anarkophobia”, “Sofrer” e novos hinos como “Alerta Antifascista” e “Aglomeração”, petardos do Necropolítica, aclamado álbum de 2022.
Não que necessite, mas mais uma vez o quarteto paulista provou que sua relevância não se diluiu com o tempo. Pelo contrário, como um bom vinho punk, tornaram-se mais incisivos e necessários, mantendo intacta a habilidade de provocar, questionar e mobilizar. Isso conta e muito.