Resenhas

Resenha: Vanessa Carlton – Liberman (2015)

Antes mesmo de dar o play na primeira faixa eu já estava cantarolando “A Thousand Miles” na minha cabeça, com a vívida imagem de Latrell Spencer, personagem de Terry Crewes no filme “As Branquelas”. E logo na primeira faixa precisei conferir algumas vezes se esta era a mesma Vanessa Carlton de um dos hits mais chicleteiros dos anos 2000. É ela mesma e mais de quinze anos se passaram e a qualidade deste trabalho é a prova disso.

O disco em suma é aquilo que a cantora sabe fazer de melhor, piano e voz e pouca instrumentação no fundo, e, ao mesmo tempo é muito diferente dos hits que a tornaram famosa e fica bem longe do exagero de batidas e pouca melodia que permeia quase toda a produção do pop atual. “Operator” é um single fácil e gostoso e Carlton não cedeu à tentação de por o primeiro single na primeira faixa do disco.  No final, “Matter of Time” e “River” com suas pegadas folk destoam um pouco, mas fazem sentido no conjunto.

Vanessa Carlton tem uma voz incrível e o fato de ter pouca instrumentação ressalta ainda mais a essa voz. As harmonias de “Nothing Where Something Used to Be” talvez sejam o melhor exemplo da qualidade dos vocais do disco, embora o fade abrupto e meio seco ao final da faixa não tenha me agradado muito.

É bom ver um artista evoluir e seguir o seu caminho, sem milhares de produtores e pensando em cada milímetro. Carlton estava há anos sem gravar por ter dado um tempo na sua carreira para se casar, ter filhos e curtir a vida de família com uma casinha no subúrbio com uma cerquinha branca. “Liberman” e suas composições refletem muito isso. “Liberman” é como sua capa: Simples, minimalista e com foco na própria artista, com algumas poucas referências ao fundo. Uma grata surpresa e uma audição perfeita para aqueles dias tranquilos de mormaço no verão.

8.1

Liberman – Vanessa Carlton

Gravadora: Universal Music

Uma franca evolução do pop, longe dos hits chicletes que a tornaram famosa.

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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