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Cinema

Crítica: Bohemian Rhapsody (2018)

Com um pouco de atraso consegui um tempinho neste glorioso feriado de seis dias e fui assistir “Bohemian Rhapsody”, mais popularmente conhecido como “o filme do Queen”. Procurei me abster de ler críticas e outras resenhas antes de assistir ao filme, mas falhei e cheguei na sala de cinema com alguns preconceitos. Boa parte deles foi quebrado durante o filme. Ele é extremamente divertido, ele faz um bom trabalho em humanizar a banda e o próprio Freddie Mercury e a coroa que adorna o filme, o show no Live Aid em 1985, o ponto para o qual a história aponta desde os créditos iniciais, é um dos melhores momentos musicais que eu vi no cinema.

Antes de ver o filme li muitas críticas sobre o romance entre Freddie e Mary tomar boa parte do filme, mas ao assistí-lo, isso não me incomodou. Até porque se você sabe um pouco da história de Freddie sabe o quão importante ela foi de fato para ele. Nem os anacronismos me incomodaram. E foram muitos. Desde canções na época errada até um Freddie Mercury sem bigode tocando no Rio de Janeiro antes de 1981. O que me incomodou foi a falta de mão na direção do filme. A demissão do diretor Bryan Singer no meio da produção certamente contribuiu para isso. Em muitos momentos o filme não sabe se é uma cinebiografia padrão, se é um drama ou se é um filme à “This Is Spinal Tap”. Particularmente a cena da banda em turnê pelo meio-oeste americano com o nome das cidades aparecendo é levemente constrangedor.

Há bons momentos, mesmo que as músicas, muitas vezes, editadas possam causar um pouco de estranheza aos ouvidos de fãs e conhecedores antigos da banda. Embora muito do crédito do filme fique na performance de Rami Malek como Freddie Mercury, o desconhecido Gwilym Lee está perfeito como o guitarrista Brian May e Joe Mazzello como o calmo e preciso John Deacon também está ótimo. É curioso ver Mike Myers, responsável por uma nova onda de fãs e conhecedores (e cantores) de “Bohemian Rapsody” com a icônica cena em “Quanto Mais Idiota Melhor”, como um executivo que diz à banda que jovens nunca irão bater a cabeça ao som dessa música.

É curioso ver como o lançamento da aguardadíssima cinebiografia da banda Queen fez surgir um revival nos fãs da banda. Digo curioso porque eu era extremamente julgado quando era adolescente e confessava a minha preferência pela banda. Sim, eles já foram a minha banda favorita, literalmente. Foi a primeira banda que eu fiz questão de completar a coleção em CD e quando eu ainda tocava baixo sempre citei o preciso John Deacon como uma de minhas influências. Se parece que estou reclamando, peço desculpas, eu não estou. Eu acho ótimo. Não estou fazendo o hipster que só gosta de alguma coisa se mais ninguém gosta.

Até porque não faz sentido nenhum quando se essa coisa é do tamanho do Queen.

Mas é como Freddie Mercury diz ao futuro empresário John Reid no filme: “Somos quatro desajustados que não deveriam estar juntos e estamos tocando para os outros desajustados. Os excluídos, lá no fundo do salão.” Este filme é para nós, para todos os desajustados no fundo do salão.

7.6

Bohemian Rhapsody – Bryan Singer

Estúdio: 20th Century Fox

Exagero, pontos altos, pontos baixos e possivelmente o mais próximo que muitos de nós vai ter de ver um show do Queen de verdade.

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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