El Jockey: Um Filme Sobre Identidade, Surrealismo e Distopia
Dirigido por Luís Ortega, o filme é uma obra que mergulha o espectador em um universo onde o sucesso e a autodestruição caminham lado a lado.
Antes de continuar falando sobre o filme, que vi através do BTV da casa dos meus pais, preciso dizer que esperava bastante do novo filme de Ortega, que conheci pela impactante História de un Clan e El Marginal, ambas disponíveis na Netflix.
Ele foi lançado no final de 2024, representou a Argentina no Oscar 2025 e não me decepcionou, ainda mais porque vi ela poucos dias depois do falecimento do genial David Lynch.
Voltando ao filme em si, ele narra a trajetória de Remo Manfredini, interpretado por Nahuel Pérez Biscayart, um jockey lendário cujo comportamento autodestrutivo começa a ofuscar seu talento e ameaça seu relacionamento com sua namorada, Abril, vivida por Úrsula Corberó (Sim, a Tokyo de La Casa de Papel).

A trama vai se intensificando quando, na corrida mais importante de sua carreira, Remo sofre um grave acidente, desaparece do hospital e vagueia sem identidade pelas ruas de Buenos Aires. Livre de suas amarras anteriores, ele inicia uma jornada de autodescoberta, enquanto Sirena, o procura incansavelmente. Mas quem diabos é Sirena? Bom, não dá para entregar o filme todo.
Contudo, é através desta narrativa que Ortega constrói uma história que desafia convenções, mesclando elementos do surrealismo com uma estética visual marcante. E o principal responsável por isso é Timo Salminen, diretor de fotografia finlandês que trabalhou no filme junto à produção argentina.
Assim, os primeiros minutos do filme já estabelecem esse tom, apresentando um bar repleto de personagens grotescos e uma sequência de dança entre os protagonistas que remete, logicamente, ao “Pulp Fiction”.
Real x Onírico
As atuações são outro ponto alto da produção. Remo entrega uma performance intensa. Abril, por sua vez, surpreende ao se afastar de papéis convencionais, mostrando profundidade em sua interpretação. A química entre os dois é palpável, enriquecendo a dinâmica dos personagens e criando uma conexão que bota panos frios a uma distopia icônica.
E falo isso baseado na narrativa, que não é linear e nos desafia enquanto espectador em alguns momentos. A simbiose de gêneros e a inserção de elementos absurdos podem causar estranhamento, mas também são responsáveis por tornar “El Jockey” um produto com o selo de qualidade de Ortega, outrora citado pela mídia como Lynchiano.
No fim, tudo pode se resumir na originalidade traçada através de uma estética visual, que permanece na mente do espectador muito depois dos créditos finais.
Uma tradução de merda, mas disponível no streaming
No Brasil, ele recebeu a tradução de Matem o Jóquei (SIC) e está disponível no MUBI. Bom filme, bastardo!