Coberturas

David Byrne no Lollapalooza Brasil 2018

Se eu pudesse escolher um dos artistas que tocou no Lollapalooza Brasil 2018 para ser amigo, essa pessoa seria indubitavelmente o David Byrne. De longe, ele parece ser a pessoa mais interessante, entre um rol de artistas incríveis e igualmente interessantes, para se tomar uma cerveja e trocar uma ideia.

Ao começar o show eu confesso que estava esperando por uma hora de chatice que eu abandonaria eventualmente para pegar um lugar decente para o show do The National. “Here” é uma música difícil e a performance que começava com David Byrne sentado com um teclado segurando um cérebro. Na minha cabeça eu comecei a desenhar um cenário de um show tedioso à Peter Gabriel, performático e chato. Para a minha sorte, eu estava enganado na parte do tédio, porque foi divertidíssimo bem performático.

Só uma metade do palco foi usado, o resto ficou coberto. A parte central era toda cinza prata, assim como o terno de Byrne e todo o figurino da banda de apoio. Cada música era coreografada desde as posições iniciais de cada pessoa no palco. Era possível ver todos andando pelo palco e entrando e saindo quando sua presença era requerida. O repertório extremamente dançante foi composto em sua maioria por músicas dos Talking Heads, algumas músicas solo de Byrne e “Toe Jam”, do Brighton Port Authority, colaboração entre Byrne e o DJ Fatboy Slim.

Byrne parecia extasiado com a reação do público, sorrindo muito e agradecendo o carinho do público, que dançava muito, mesmo nós que estávamos no meio do morro em frente ao Palco Ônix. Ao final, com “Burning Down the House”, clássico do Talking Heads, sabíamos que fomos agraciados por talvez o melhor show do festival.

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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