Hyper Porre: A.G. Cook no C6 Fest 2025
Hyperpop demais, groove de menos.
Invariavelmente, todos chegamos a uma idade em que simplesmente não entendemos a música atual. “Na minha época era melhor”, dirão alguns puristas, esquecendo-se de que nos anos 90 a gente ouvia barbaridades como Virgulóides e seu bagulho no bumba tocando incansavelmente na Atlântida FM. Não me considero um desses retrógrados xaropes, mas neste sábado, no C6 Fest, fui confrontado pela primeira vez com um artista — e, aparentemente, um gênero musical inteiro — do qual eu não consegui extrair nada de bom: o Hyperpop de A. G. Cook.
Escondido atrás de seus cabelos compridos, sem uma luz sobre o rosto e apenas com psicodélicas luzes coloridas pulsando atrás do DJ/artista/insira aqui o que você bem entender, a apresentação foi uma sequência quase interminável de drops esquisitos e música que falhava em seu maior propósito: fazer as pessoas dançarem. Boquiaberto, eu olhava pro palco — inconvenientemente escondido por árvores — e, apesar da lisergia visual dos telões de cada lado, não havia cor nenhuma ali. Eu tentava distinguir qual era o gênero e falhava miseravelmente. “É Hyperpop”, me disseram, e eu continuei sem entender absolutamente nada.
A.G. Cook, pra quem não sabe, é o cabeça por trás da PC Music e colaborador artistas como Charli XCX. Seu som é descrito como “experimental”, “pós-internet”, “meta-pop” e outros adjetivos que geralmente significam: “você vai odiar se tiver mais de 30 anos e souber tocar um instrumento musical”. Eu me perguntava se era só eu que estava achando aquilo ruim, mas a pista esvaziada refletia que era um sentimento coletivo. Mesmo quem estava engajado no show só se manifestou quando ele tocou seu remix de “Von Dutch”, que ajudou a produzir para o brat summer verde-limão do ano passado. Eu olhava pro palco e via um jovem inglês tentando desesperadamente parecer descolado — apesar de já ter convencido todo mundo de que é. Tudo tinha um cheiro ocre de ironia estética, e eu me perguntava se alguém ali realmente estava curtindo essa patifaria ou só fingindo entender pra não parecer cringe.
Ao contrário de sua conterrânea com nome em algarismos latinos, é impossível dançar ao com de A.G. Cook. A irregularidade das batidas me frustrava profundamente. Por diversos momentos, faltavam graves. Os drops duravam uma eternidade e não levavam a lugar nenhum. Não havia tensão e nada se resolvia. Eu quis morrer de tédio. Eu realmente quis, mas tudo era tão errático que eu não sabia o que fazer. Eventualmente desisti do show e fui fazer coisa melhor: fumar, beber e conversar com estranhos — que, assim como eu, se distraiam no meio de frases e olhavam de volta pro palco, embasbacados com a vaidade descompassada de um inglês sem gingado nenhum.