Jovens Ateus em Florianópolis: resenha de um show verdadeiramente pentecostal
Uma semana caótica, somada a frio, chuva e um showzinho na sexta-feira: sim, uma das melhores combinações possíveis aconteceram na última semana, onde tive o prazer de ir prestigiar o show da bola da vez da Balaclava Records: estou falando do quinteto Jovens Ateus, que fez uma miniturnê por SC e RS, tendo a ilha de Desterro como um dos destinos.
Em outro momento, abordarei a temática do crescimento dos shows em Florianópolis, mas agora vou me contentar em afirmar que gostei muito de ter a possibilidade de ver a banda ao vivo, que lançou seu álbum de estreia este ano (resenhei aqui), e que ainda não tinha visto ao vivo. Por isso, lá fomos para o Desgosto que, com seu clima de novo refúgio alternativo, nos oportunizava a conferir se aquela melancolia e energia punk se faziam presente ao vivo.
Chegando lá, perto das 22h, estava no palco a banda local Centroleste Autopeças, que entregou um show poderoso e, podemos dizer, empolgante. Com o setlist baseado em seu trabalho de estreia, Saltos Ornamentais em Piscinas Secas (2024), a banda trouxe aquela mistureba que vai do Math Rock, Alternativo ao Shoegaze, sem escalas. Vale ressaltar que a maioria dos presentes estava atenta e cantando as músicas, demonstrando que a Centroleste é uma das bandas mais queridas da Ilha. Eu, sinceramente, a vejo seguindo o mesmo caminho das conterrâneas Exclusive e Os Cabides e Nouvella. Mas isso só o tempo dirá.
Quase às 23h, começou a liturgia: Jovens Ateus no palco, que fizeram um show honesto e cru, baseado em Vol. 1, full-length de estreia lançado em maio (Resenhei aqui, dá uma moral, vai!).

E sim, foi uma noite de entrega: riffs secos, baixo pulsante, uma bateria eletrônica, sintetizador e um vocal pouco claro que transitava livremente entre melancolia e desabafo. Nada de fórmula pronta ou algo do estilo, embora a banda seja uma simbiose entre o pós-punk oitentista e o pós-modernismo contemporâneo. O legítimo caos melódico.
Não consegui pegar todo o setlist, mas eles iniciaram com “Vultos” e tocaram (não necessariamente na sequência), “Espelhos”, “Motocross”, “Correntes”, “Mágoas” e “Noite Eterna”. No final, a versão mais do que memorável de “Igreja” (Cover do Titãs) e a explosiva “A Santa Igreja”, música de As Mercenárias e a única música que teve bateria ‘analógica’.
Em resumo, um show bacana, semilotado e que acabou cedo, antes da meia-noite. Nada mal. Mesmo!
Em tempo, para quem quer mergulhar ainda mais fundo na mente inquieta da banda, vale conferir o recém-lançado episódio do programa Cultura Livre, que entrevistou os Jovens Ateus e capturou nuances do processo criativo e das inquietações que movem o grupo. Obrigado e até a próxima!”