Coberturas

Liam Gallagher no Lollapalooza Brasil 2018

Não vi Oasis, mas vi Liam Gallagher.

Depois de um show pela metade, um cancelado e um set curto no Ônix Day, o ex-Oasis e ex-Beady Eye fez um set completo no Palco Budweiser no Lollapalooza Brasil 2018, e que set, senhoras e senhores. Das treze músicas, cinco saíram de seu trabalho solo “As You Were”, as outras eram hits de sua ex-banda, todos tirados dos três primeiros, e mais famosos, álbuns: “Definetly Maybe”, “(What’s the Story) Morning Glory” e “Be Here Now”.

Para os que não acompanharam os setlists dos shows mais recentes dele, a canção título do terceiro álbum da banda talvez tenha sido uma surpresa no show, mas para muitos, não houveram surpresas. O setlist do show foi idêntico ao do show no Lollapalooza na Argentina, uma semana antes, e tudo leva a crer que o show interrompido no Chile seria idêntico também.

O cantor falou pouco com o público. Uma hora pediu desculpas pelo cancelamento dos shows em virtude de problemas respiratórios. Uma moça atrás de mim acusou-o de ter o carisma de uma maçaneta. Eu queria sufocá-la com as minhas próprias mãos pela audácia, mas ele mesmo fez ela engolir suas palavras quando praticamente todos os presentes cantaram o clássico absoluto “Wonderwall” juntos, no que talvez seja o maior singalong que eu já presenciei em um show.

A verdade é que quase foi um cover de Oasis, mas foi quase tão bom quanto um show do Oasis de verdade. Para a minha esposa, que assistiu ao show da banda em 2009 no Anhembi e sempre disse que a abertura da Cachorro Grande foi muito melhor que o show principal da noite, o show do Liam solo também superou ao de sua ex-banda. Além da voz de Liam, que é única, o clima de estarmos assistindo a um show do Oasis era completo pelo timbre dos instrumentos. A guitarra estava timbrada identicamente à de seu irmão e eterno desafeto Noel Gallagher.

Entre os clássicos, as músicas novas e o encerramento com “Live Forever”, poucas vezes eu me senti tão realizado em um show. O Oasis foi uma banda cresceu junto comigo. Eu ouvi e comprei o primeiro disco e acompanhei a banda até o seu término. Ao contrário de muitas bandas que eu apreciava quando era adolescente dos anos 90, eu estava lá junto com eles. Não era uma banda que já havia terminado, como o Led Zeppelin, ou que já existia, como o Soundgarden. Era uma banda que eu vi surgir e crescer. Ao mesmo tempo, eu nunca tive a oportunidade de vê-los ao vivo. De certa forma, eu pude ter essa experiência com este show, mesmo que seja só de metade da banda.

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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