Coberturas

Mark Lanegan no Cine Joia

Eu poderia escrever sobre o Cine Joia, como fiz em outro texto para os parceiros do Mondo Bacana, mas o foco aqui é Mark Lanegan.

Eram pouco mais de 21:00, o local estava quase lotado, a exceção era na parte superior onde ficamos assistindo o show com um incrível conforto e sem filas para as bebidas. Com aquela visão privilegiada, Lanegan logo entra com Jeff Fielder (seu guitarrista de incontáveis apresentações, em duo, trio ou banda completa) e a tecladista Shelley Brian.

O mais atento leitor vai perceber que não haviam bateria, nem baixo. Quando se tem uma tecladista como Shelley Brian, será realmente que isso faz falta?

Nas vinte e seis canções apresentadas na sequência, a ideia foi somente uma: um trio com formação enxuta consegue soar mais poderoso que uma banda com mais 2 instrumentistas.

Todas as canções eram acompanhadas com inteira devoção dos fãs. Nenhum deles e nem esse que vos escreve teve um momento de conversar ou gritar pedindo música para Lanegan. O encantamento era total e máximo! Canções como: “Low”, “Hit the City” (em dueto com a tecladista Shelley Brian, fazendo a parte de PJ Harvey que gravou a canção com Lanegan) e “Nocturne” do penúltimo álbum solo, “Gargoyle” ganhou a plateia nos primeiros minutos.

O que se viu no Cine Joia foi um dos shows onde pude presenciar não apenas respeito dos fãs presentes, mas uma devoção perante a música poucas vezes vista antes em meus 30 anos de shows pelo Brasil.

A atmosfera intimista ajudou e muito! Canções eram aplaudidas na medida que eram desfiladas após seu término.

A sequência matadora: “Low”, “Hit the City” (em dueto com a tecladista Shelley Brian, fazendo a parte de PJ Harvey que gravou a canção com Lanegan) e “Nocturne” do penúltimo álbum solo, “Gargoyle” ganhou a plateia, que nas 4 primeiras canções já estava devidamente conquistada (como se precisasse…) e a partir daí, a Mark Lanegan Band fez um show para fãs!

Goodbye To Beauty”,“Sister”, “Graverdigger´s Song” (do aclamado álbum “The Blues Funeral”), “Deepest Shade” (uma cover da Twilight Singers, uma superbanda que tem em sua formação o prolifico Greg Duli), “One Hundred Days”, “Come To Me” e mais 11 canções até o encerramento do show.

O desequilíbrio entre as músicas antigas e as novas canções de “Gargoyle” é o ponto crucial do show. De “Gargoyle” (2017) tiveram 2 canções, as outras 23 músicas eram de diversos discos do cantor, sendo 5 covers que o próprio Lanegan regravou em algum momento de sua longeva carreira. E isso é ruim? Não, muito pelo contrário!

Lanegan sabe equilibrar e pontuar um set list para agradar não apenas a si mesmo, mas aos seus fãs que lá estavam presentes.

E o show acaba quando os músicos saem do palco?

Não meus amigos, Lanegan voltou cerca de 10 minutos depois e sentou numa mesinha para autografar pelas minhas contas umas 1000 peças (entre discos comprados na banquinha do show, CDs,LPs levados por fãs, cartazes e fotos) com uma paciência ímpar e sem o já famoso meet and greet que muitos artistas fazem há alguns anos no showbusiness!

O que se viu no show do último dia 08/09 foi um artista comprometido com sua arte, com seu público e sem querer fazer média com ninguém, um artista sobrevivente à cena grunge o qual fez parte e o qual soube extrair o melhor e o pior.

Aos 53 anos, Lanegan continua sendo um gigante entre as bandas e artistas que não souberam envelhecer com dignidade.

Luciano Vitor

Luciano Vitor

Formado em direito, frequentador de shows de bandas e artistas independentes, colaborou em diversos veículos: Dynamite, Laboratório Pop, Revista Decibélica, Jornal Notícias do Dia, entre outros. Botafoguense moderado, carioca radicado em Florianópolis há mais de 20 anos.

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