Punk’s Not Dead! Up Front Festival – Carioca Club – São Paulo – 12.05.2025
No domingo do Dia das Mães, o Carioca Club recebeu o Up Front Festival, reunindo seis bandas de diferentes vertentes do punk rock. O ápice seria o show de despedida da The Exploited, lendária banda do punk britânico.
As 15h00, horário marcado e respeitado (foi assim em todos os shows que seguiram), o quarteto paulistano Punho de Mahin subiu ao palco para fazer um show curto mas muito competente. Essa banda é uma das grandes promessas do underground nacional — assinaram recentemente com a gravadora Deck — e não decepcionaram. Com uma apresentação cheia de energia e intensidade, e destaque para os vocais de Natália Matos.



A seguir, outro quarteto paulistano subiu ao palco, a banda Urutu. Com uma mistura de punk e heavy metal, a banda manteve a fez uma boa apresentação — novamente em um show curto — e para um público ainda pequeno, assim como o show anterior. Foi a primeira vez que assisti a banda e gostei da pegada deles. A apresentação da banda teve problemas técnicos, mas eles continuaram como se nada os abalasse. Vale ficar de olho nessa outra promessa do underground nacional.



Na sequência, para fechar a “primeira parte” veio o quinteto Escalpo. Formada por veteranos da cena paulistana e com vários membros morando no exterior, a banda teve um momento catártico de união no palco do Novamente um metal punk, dessa vez mais tradicional que já na abertura despejaram barulho e energia para animar o público — que ia crescendo aos poucos. Músicas como “Escravidão Auto Imposta” e “Olhando para o Chão” mostraram que, apesar de não ter um som inovador, a banda tem muita intensidade de palco.



Apenas um ponto a destacar: Nos três primeiros shows o som parecia um pouco baixo. Pode ter sido impressão, mas se o volume estivesse mais alto acho que os shows teriam empolgado mais. Ah, vale destacar o acerto da curadoria do festival em trazer bandas do underground com um som autoral que podem, em um evento desses, divulgar seu trabalho.
Os ingleses The Chisel abriram a “segunda parte”. Banda londrina que mistura punk — inclusive nas vertentes Oi!/Street— e hardcore, a banda fez outro show intenso (com direito a roda punk nervosa) e manteve a animação do crescente público. Músicas como “Come See Me”, “Class Oppression” e “Evil by Evil” foram petardos certeiros. Outro bom show (e já com um som melhor que os shows anteriores). O vocalista Callum Graham parecia extasiado por estar no Brasil, interagindo muito com o público.



A penúltima atração estava em casa: falo da Ratos de Porão. João Gordo, Jão e sua turma subiram ao palco as 18:30h para fazer um show que mesclou músicas mais recentes, como Alerta Antifascista, aos clássicos Beber até Morrer e Crucificados pelo Sistema. Entre as músicas João Gordo destilou sua raiva contra o ex-presidente inelegível e foi correspondido com gritos de “sem anistia”. Tudo dentro do esperado.



E para encerrar a noite era o momento da grande atração: The Exploited. Mas, infelizmente, o show não foi como esperado. Já se notou algo estranho quando três integrantes da banda subiram ao palco para passar o som, com a cortina aberta. E, minutos antes do show começar, veio a notícia que ninguém queria: o lendário vocalista Wattie Buchan não conseguiria estar presente no palco. Ele já tinha deixado de se apresentar no show de Belo Horizonte por problemas de saúde. Foi exibido um curto vídeo de Wattie justificando a ausência e o público, em um silêncio respeitoso, ouviu e lamentou a ausência da “alma da Exploited”. Mas os três integrantes, mais Callum Graham (The Chisel) e João Gordo fizeram um show curto, mas que honrou o legado da banda em sua trajetória de mais de 40 anos dedicados ao punk/hardcore.



No final ficou aquela sensação chata — principalmente pela saúde de Wattie, que esperamos já estar melhor — mas que não tirou o brilho de um domingo regado ao melhor do punk hardcore.
PUNK’S NOT DEAD!