Crônicas

As próximas horas serão muito boas: um clássico da banda Cachorro Grande que fez 20 anos em 2024

As fotos eu roubei do instagram dos caras, mas o relato sim é 100% autoral, ok?

Tem um ditado popular que diz “quem não gosta de cachorro, bom sujeito não é”. E acredito que esta máxima também se aplique ao segundo álbum da Cachorro Grande, que completa 20 anos em 2024.

E, meu amigo, falar do álbum “As próximas horas serão muito boas”, pelo menos pra mim, são palavras maiores. Tenho incontáveis histórias de shows ou tendo essa banda como trilha sonora e, especificamente neste álbum, tem músicas que me marcaram e ainda marcam.

Para sempre.

Desde o primeiro acorde de “As coisas que eu quero lhe falar” até a última nota de “Insatisfeito”, sou levado a um turbilhão de emoções, subvertendo memórias que parecem difíceis de acreditar. (Finalmente consegui encaixar essa palavra num escrito. Obrigado Los Hermanos!)

“Eu só tenho que olhar você.

E assim você vai compreender.

Que o mundo vai girando sem se mover”

“Hey, Amigo” é um rockão empolgante, como tem que ser: sem muitas frescuras e devaneios musicais: é guitarra, baixo, bateria e piano, tudo isso sendo regido por um vocal soberbo, potente e escalopofético.

Corta para um show inesquecível da Cachorro. Talvez tenha sido em 2015. Foi no Célula, numa noite onde ficamos bêbados de Polar, que comprei num bar de um gaúcho que trazia toda semana para Palhoça, do RS. Não vale a pena falar dos fantasmas que me acompanharam naquela noite, mas destaco que foi um show insano. Escrevendo, lembrei agora que foi em 2015, na turnê de lançamento do Costa de Marfim. E sim, esse pra mim é um álbum incompreendido demais. Mas muito, mas muito bom.

Volta pro álbum, Frederico! E é isso. Como disse (ou escreveu) Nick Hornby uma vez, a vida é cheia de som e fúria. E por falar em coisas furiosas, a faixa que dá nome ao álbum é dessas músicas que só se cantam a pleno pulmão, com várias cervejas na cabeça. Pesquise a letra e depois me manda uma mensagem.

Chegando próximo do fim, temos “Que loucura”. E que loucura de música, sem trocadilhos. Não tenho palavras para descrever o quão bom é andar de carro, sem rumo, com esta música tocando no fundo.

Em resumo, músicas que tocam o coração e construídas com RAIVA. Se fosse um papo ligado ao trabalho, eu poderia dizer que sinto propósito. Mas a questão não é essa. Embora haja terno, aqui não existe o corporativismo.

É sujo. É passar perfume sem tomar banho e dormir quando der. E todo mundo teve uma fase mood, que usou terninho, ouviu Stones, The Who e Beatles. A dávida de acreditar que nascemos na época errada é apenas um sentimento derradeiro dos que não se aninam a viver o momento.

E eu posso dizer que vivi cada momento como se fosse o último. E este álbum foi uma das trilhas sonoras disso tudo.

Obrigado Beto, Marcelo Gross, Rodolfo Krieger, Pedro e Gabriel. Sou o que sou graças a vocês.

Edit: terminei de escrever este exto em 02 de março de 2024, um pouco antes de saber que a apresentação anual da Cachorro vai ser no Turá Festival, em POA, no final de maio. Infelizmente, estarei viajando de férias e não estarei presente. Fica pro ano que vem ou pra outra data!

Edit 02: Estou subindo este texto ao Under Floripa. Hoje é 22 de abril de 2025. O show no Turá foi adiado por conta das Chuvas que destruíram no RS em 2024. Eu acabei indo no show deles em Blumenau, em 29 de junho, no Balbúrdia Festival. Foi um show morno. Ainda sem previsão de ver eles em 2025.

Edito 03: Post originalmente postado no meu Medium.

Frederico Di Lullo

Frederico Di Lullo

Redator publicitário, letrólogo, jornalista & fotógrafo de shows, nasceu na Argentina, coleciona vinil, é fã incondicional de música e um exímio apreciador de artes degeneradas.

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