Adriano Saito, o produtor por trás do Festival Saravá!
Entre tantos afazeres e preparativos para 3 dias de música que começa no próximo dia 09 de março, Adriano Saito, o produtor por trás do Festival Saravá, tirou um precioso tempo e conta como chegou a um line-up dos sonhos do mundo independente e sua relação com a música, de quebra adianta algumas novidades que estão por vir.
UF – Como se deu a escolha das bandas? Que critérios a produção utilizou?
Adriano Saito – Uma parcela da line-up foi reservada para bandas de Santa Catarina, e as escolhidas foram: Skrotes, Apicultores Clandestinos, Orquestra Manancial da Alvorada, The Cegus, La Leuca e os irmãos Fontoura radicados em Floripa, Munoz. O intuito é convocar bandas que estão em uma crescente considerável de público na cena autoral independente catarinense e nacional, ou seja, artistas que já tenham um bom reconhecimento pelo público da cidade,estado ou país, porém ainda não estejam totalmente consolidadas.
Skrotes, Apicultores e Orquestra Manancial por exemplo, já participaram do querido festival independente Psicodália; Munoz por outro lado já rodou o Brasil tocando em muitos festivais como o gigante Bananada; The Cegus e La Leuca são as nossas apostas, ambas estão iniciando e contagiando a ilha com seu rock psicodélico de uma forma incrível, atualmente não tem como eles ficarem de fora.
Outra parcela da programação foi preenchida por bandas do sul do país, como: Trombone de Frutas, Mulamba e Cora. Todas elas buscando seu espaço na cena musical atual e todas já com participações em festivais como Psicodália, Morrostock, Estopim, SIM São Paulo, entre outros.
Mais uma preocupação do festival, é a tentativa de agregar cada vez mais artistas do gênero feminino na line-up, no intuito de celebrar a produção musical realizada por mulheres e respectivamente, a inserção delas em festivais do mesmo segmento e no meio musical nacional. As maravilhosas Letrux, Carne Doce, Tássia Reis, Mulamba, Hierofante Púrpura, Orquestra Manancial da Alvorada, Cora, La Leuca, Gabriela Deptulski e Lê Bafão tem pelo menos uma integrante feminina representando elas no Festival Saravá 2018.
E por último, a intenção é agregar todo esse cenário com outras bandas do Brasil que tenham a ver com todo o contexto do festival. Um dos exemplos é a Tássia Reis, sempre lutando contra todas as formas de racismo, a favor do empoderamento feminino e mais acesso as mulheres no Rap. Entre as bandas de outras regiões do país estão a carioca Letrux, a goiana Carne Doce e as paulistas Tássia Reis e BIKE.
UF – A diversidade marca a escolha das bandas, artistas e djs, todos com um destaque no cenário independente. Não deu vontade de se arriscar e colocar um Otto ou até mesmo o Cordel do Fogo Encantado no line-up?
Adriano Saito – Acho que a diversidade está bem clara em nosso festival mesmo, e digo que isso é só o começo. Essa é a nossa intenção mesmo, aos poucos, quebrar barreiras, preconceitos,autoritarismos e proporcionar a união entre todos os seres humanos. Motivar que pessoas de diferentes turmas possam se conhecer, trocar ideias e buscar mais conhecimento entre si para evoluir. O discurso é claro, RESPEITO ENTRE TODOS EM PRIMEIRO LUGAR!
Ah, e com certeza deu vontade de colocar muitas outras bandas, mas é sempre bom lembrar o quesito financeiro, por enquanto somos independentes cara, é sempre bom deixar isso claro! Quem fecha com a gente é da mesma pegada, tá ligado?
Muitas bandas baixaram suas condições pela importância de participar do nosso evento, por isso, conseguimos colocar um valor de ingresso bem mais acessível que a maioria dos festivais e assim agregar realmente aqueles carentes por cultura.
UF – O Festival Saravá vem com o intuito de entrar como um evento anual em Floripa? Como o Floripa Noise por exemplo?
Adriano Saito – Esse formato Festival Saravá vai ser anual, no entanto é possível que realizemos outros festivais menores de 1 dia, ao longo do ano. Provavelmente no formato das 3 edições do ano passado (2017), intitulados Festival Saravá de Cultura Independente.
E já adianto que outro ou o mesmo festival pode pintar ainda no estilo Psicodália, Morrostock, Pira Rural, Congresso Bruxólico e Não Vai Ter Coca na ilha, ou seja, pé no chão, barraca, fogueira, oficinas, loucuras psicodélicas e tudo mais que um festival no estilo Woodstock pode proporcionar.
UF – Nas produções da Saravá Cultural Produções não tem nenhum tipo de aporte de financiamento publico. Isso é uma escolha de vocês ou serve para mostrar que é possível viver e produzir sem dinheiro público?
Adriano Saito – Essa é uma escolha nossa, não descartamos a hipótese de ano que vem já temos apoio de algum incentivo, porém o que dá tesão da gente continuar produzindo mesmo, é permanecer independente, mostrar que é possível sim fazer tudo sem as esmolas públicas,e sentir na pele mesmo o que essas bandas e produtores passam todo o dia. E vou te falar, nada paga ver o público comparecendo em peso e tendo uma experiência única de loucura e aprendizado nos nossos eventos, isso é o que nos dá força para seguir em frente.
E quando deixarmos de sermos independentes (infelizmente é um caminho), vamos perder um pouco disso, porém a raiz foi plantada, e quando ela é bem plantada em um terreno com terra boa, é só continuar regando com muito amor que o espírito independente sempre vai estar presente.
UF – Para concluir, a arte independente pode ser rentável e se tornar um negócio lucrativo?
Adriano Saito – Com certeza é mais difícil ser independente, temos menos segurança financeira, lutamos
dia a dia pra conseguir vender um ingresso a mais para alguém que ainda não conhece o rolê, a batalha é forte e contínua, mas vou dizer que um bom planejamento de evento ajuda muito para dar tudo certo no final também.
E sim, ela pode ser lucrativa, nós somos exemplo, e outros festivais como Psicodália também mostram isso.