Resenhas

Resenha: Magüerbes – Futuro (2015)

Mais de vinte anos de carreira seguiram até o lançamento de “Futuro”, o quarto álbum propriamente dito da Magüerbes. Desde o começo a comparação com Deftones é inevitável. Os riffs são pesados e bem marcados e o som vem construído em camadas. Até a própria banda faz essa comparação em seu Bandcamp, mas isso é apenas um rótulo. Há uma identidade própria, mesmo que construída em cima de um amontoado de referências e influências.

Há pontos altos e pontos baixos aqui. Um ponto baixo é a voz, às vezes por um pouco de falta de tratamento e às vezes pelo uso exagerado de drives. Em muitos momentos a é engolida pelos instrumentos. Na maior parte do tempo é o uso contínuo e exagerado do mesmo efeito de modulação na voz. “Americana” a primeira faixa já denuncia todos esses problemas. A voz do vocalista passa a música toda travada, parece que esperando algo para sair. Da mesma maneira, “Fundamental” começa com uma batida incrível e um riff excelente, mas aí a voz entra, cheia de efeitos e chega até a dar uma desanimada.

Apesar desse começo meio broxante, “Fundamental” é ainda uma faixa do cacete, assim como “Salvar Como” que segue quase na emenda. “Linha Verde” e “Cara a Tempo”, as faixas que fecham o álbum, merecem destaque também. Ambas têm refrões poderosos e é impossível não bater a cabeça ouvindo. Notavelmente, a segunda metade do álbum parece muito mais coesa do que a primeira, com músicas mais polidas. Porém, no geral, a produção, assinada pela própria banda e por Danilo Souza e Fernando Uehara, é excelente. Entre a masterização primorosa e as emendas entre faixas, a audição flui entre uma faixa e a outra.

“Futuro” às vezes soa pedante, desde o Lorem Ipsum perdido na capa e nas letras mais “positivas”, mas, no geral é um excelente esforço, mas não parece um álbum de uma banda com vinte anos de estrada. Há muita energia ainda, e muito espaço para experimentar e errar. Sem os chavões sobre bandas maduras ou em processo de amadurecimento, a Magüerbes ainda parece ser uma banda de jovens. Jovens que escrevem o nome de sua banda com grafias incomuns, com maiúsculas fora de lugar e tremas desnecessários. As letras não parecem ser de caras de quarenta anos. Muitas vezes elas parecem ser de jovens. Talvez seja isso mesmo. No fundo eles ainda são jovens.

6.9

Futuro – Magüerbes

Gravadora: Hearts Bleed Blue

Relendo tudo o que eu escrevi, talvez eu tenha pegado pesado demais. Ou talvez eu só tenha gostado mais de "Modelo de Prova" mesmo.

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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