Resenhas

Resenha: Mundo Alto – A Interminável Necessidade de Ser (2015)

Com um nome de álbum desses, fazendo referência à obra de Milan Kundera, a expectativa já começou alta. A curiosidade de ouvir o som da banda paulistana, de sotaque bem carregado, já era grande. Mas o que tive foi um revival do pop rock dos anos 2000, faltou personalidade.

A banda tem um som bem coeso, é percebível em todas as faixas que a mixagem dos instrumentos é muito bem feita, todos brilham. Tudo está dentro dos conformes, o arranjo das vozes tem qualidade também. Dá para ver que o grupo tem potencial nas faixas “Futuro”, mesmo com sua pegada à lá Malhação (aquela novela juvenil da Globo), “É complicado”, que me surpreendeu muito, num estilo mais acústico, mais folk, com a percussão bem arranjada, com uma boa letra, e “Grandes momentos”, que vai mais pelo punk. São caminhos que a banda pode explorar para ter mais identidade.

Agora, com certeza, os sintetizadores poderiam ser melhores explorados, colocados um pouco mais altos, ter alguns solos. Faltou presença. Quando for mudar o ritmo da música no meio dela, também é bom prestar atenção na hora da variação, se não o ouvinte se perde. O som da guitarra estava bem amplo, cheio de volume, mas os solos precisam de mais ideias. Também teve duas faixas que foram terminadas de um jeito que você não quer mais escutar, careceu de timing, principalmente a última faixa “Pra melhor”, uma pena. Agora, se teve algo que realmente não foi legal foram esses interlúdios. Assim, achei uma boa ideia, mas se for citar um trecho de um livro, por que deixar os instrumentos mais altos que a voz narrando? Não fez nenhum sentido.

Tem muito a melhorar, mas também tem muito potencial. O primeiro passo, acredito eu, é buscar uma sonoridade mais original e lapidá-la até sentir que se distanciou um pouco das principais referências. Esse é o melhor começo.

6.5

A Interminável Necessidade de Ser – Mundo Alto

Gravadora: Hearts Bleed Blue

Um revival do pop rock dos anos 2000.

Isabel Miranda

Isabel Miranda

Criada por família musical e artística, vive nutrindo sua essência com arte. Desde os 7 anos, é inspirada por Beatles, Disney e The Sound of Music. Listomaníaca, sonhadora e fascinada por organização, decoração e estilo;acredita que um bom papo com companhias queridas e culinária italiana à mesa é uma boa receita pra alegria plena. Manezinha apaixonada pelo frio, atualmente mora em Curitiba.

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