Resenhas

Pop Javali – The Game of Fate (2014)

Estou confuso. O nome da banda é Pop Javali. Não sei se isso é sério ou zoeira e é uma banda de metal. O instrumental é sólido. Licks nervosos de guitarra e harmônicos artificiais o suficiente pra deixar o Zakk Wylde orgulhoso. Cada patada no bumbo faz tudo que há na minha mesa pular. Porém, falta substância.

Os vocais de Marcelo Frizzo são fracos. Falta também uma boa dose de peso e carisma para competir com os instrumentos, além de um timbre anasalado à Geddy Lee um tanto feioso. Os solos são ricos, ágeis e virtuosos. Ao mesmo tempo, exagerados e pretensiosos, como em “Time Allowed”.

Aliás, algo que eu pessoalmente acho lamentável são bandas brasileiras cantando e escrevendo letras em inglês e, principalmente no metal, o argumento da universalidade do vernáculo britânico prevaleceu mais uma vez.

Talvez seja a idade, nem tanto dos integrantes que estão na estrada desde 1992, mas do próprio som que seja o problema. Esse estilo de hard rock com pegada de metal, ou de metal com pegada hard rock, soa nostálgico. Os títulos das músicas parece saído do Grande Livro de Chavões do Rock, como “Road to Nowhere”, e a capa do disco parece um rascunho de uma capa de disco do Dream Theater.

No site oficial da banda o release ressalta a importância do estreitamento dos laços entre os membros da banda e os produtores deste disco, os irmãos Ivan e Andria Busic do Dr. Sin. Talvez este estreitamento seja o problema. O disco parece sem identidade, muitas vezes emulando o próprio Dr. Sin, um pot-pourri de tudo produzido no gênero nos últimos vinte anos.

A produção do disco, aliás, é excelente, mas talvez esse seja o problema também. Falta substância, um pouco de alma e, no final das contas, o Pop Javali acaba sendo nada mais que um belíssimo exemplo de mais do mesmo.

5.5

The Game of Fate – Pop Javali

Gravadora: Independente

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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