Resenha: Beirut – A Study of Losses (2025)
Imagine a seguinte cena: Você é Zach Condon, visionário líder e multiinstrumentalista por trás da banda americana Beirut. Um belíssimo dia, digamos que uma quarta-feira ensolarada, você está tomando uma limonada geladinha na sala de sua casa no Novo México, quando um grupo circense sueco entra em contato e pede para que você e sua trupe de hipsters mexam seus traseiros barbudos e gravem um disco numa ilhazinha na costa da Noruega que servirá de trilha sonora para seu novo espetáculo.
Você, eu e metade da torcida do Flamengo teríamos recusado tal proposta. Mas nós não somos o canivete suíco musical e gênio da música folk progressiva, Zach Condon, e sua trupe mágica que atende pelo nome da capital do Líbano. Pois bem, dito e feito. Zach aceitou o convite, empacotou trompete, e entregou A Study of Losses, um disco que, como o próprio nome sugere, guia o ouvinte por um inventário melancólico de pequenas perdas.
E de fato, o álbum é gracioso. As melodias são delicadas como rendas sopradas pelo vento; os arranjos, cuidadosos como quem monta uma maquete com pinças. Mas há algo nessa elegância toda que parece travar o disco numa marcha lenta constante,. Os timbres são lindos, mas se repetem; os climas são envolventes, mas raramente surpreendem. É como caminhar por uma galeria de arte minimalista onde tudo é bonito, mas nada salta aos olhos.
Não é um álbum ruim. Condon continua sendo um mestre na construção de atmosferas e na mistura entre o folk e o erudito popular. Mas A Study of Losses talvez perca um pouco da alma errante e das cores vivas que fizeram Beirut brilhar lá atrás. Aqui, o que temos é um álbum contemplativo, quase litúrgico, que exige silêncio, paciência e um certo estado de espírito para que funcione por inteiro.
A Study of Losses – Beirut
Gravadora: Pompeii Recording Co.
Bonito, lindo até, mas monótono.