Resenhas

Resenha: Bike – Em Busca da Viagem Eterna (2017)

Ao ouvir pela primeira vez o segundo álbum do grupo BIKE, logo lembrei de um poema de Manuel Bandeira, a segunda parte onde o imortal poeta escreve:

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo – que foi? passou – de tantas estrelas cadentes…
(Belo Belo – Manuel Bandeira)

Ouvir BIKE é como entrar em um poema infinito. Se perder em melodias que não podem ser comparadas com a música terrena.Dito isso, a grande sacada da banda foi construir um enorme cenário somente comparado à galáxia que nos cerca.

Algo de extrema exuberância e plenitude altiva. O universo, a galáxia, os planetas, sóis e estrelas são utilizados como pano de fundo para uma viagem lisérgica de um time de músicos que se entregaram totalmente a excelência musical.

Com um caminho bem pavimentado por outras bandas, a BIKE possivelmente “cometeu” o DISCO DO ANO!

Sim, foi necessário aguardar o último mês de 2017 para chegarmos a essa conclusão. Se não são tão incessados quanto seus pares, eles se mostram prontos para conquistar o velho continente e a meca norte americana (leia-se EUA) com sua postura de misturar psicodelia com um quê de tino comercial para algumas canções.

A estrutura e composições de suas canções são de extremo esmero. E ao invés de pinçar e replicar o que já foi feito, os rapazes conseguem transformar a lingua portuguesa como a “alma mater” da piscodelia mundial. Não me venham dizer que não é, pois agora, acredito que sim, isso foi e é possível. Na realidade, BIKE transmutou esse sentimento com uma bela produção. Um CD que emula um compacto de 7′ em vinil e cartas de um pseudo tarô com arte e as letras das nove canções.

A arte aqui replicada nesse formato já nos foi apresentada antes por outras bandas, mas a singeleza se faz presente.

Nada se sobressai mais que a música.

A música que alimenta a alma desses rapazes: Julito, Diego Xavier, Rafa Bulleto e Gustavo Athayde, com o auxílio luxuoso de Fabio Gagliotti e Gabriela Terra, todos de parabéns!

Por tudo isso, a BIKE é a primeira nota dez (ou cem) de nosso site nesse ano abençoado de 2017.

10

Em Busca da Viagem Eterna – Bike

Gravadora: Independente

Um trabalho que ecoa não apenas psicodelia, mas momentos singelos. Arte, entrega e a prova viva que a critica merece apontar os holofotes para muito mais bandas. Vida longa à BIKE!

Luciano Vitor

Luciano Vitor

Formado em direito, frequentador de shows de bandas e artistas independentes, colaborou em diversos veículos: Dynamite, Laboratório Pop, Revista Decibélica, Jornal Notícias do Dia, entre outros. Botafoguense moderado, carioca radicado em Florianópolis há mais de 20 anos.

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