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Resenha: Ghost – Skeletá (2025)

Falar do Ghost é quase como discutir política em mesa de bar: ou você ama com fervor ou odeia com argumentos. E tá tudo bem. O fato é que Tobias Forge (ou o Papa da vez, agora sob o título de Papa V Perpetua) sabe exatamente o que está fazendo, e nem sempre isso é algo com que você vai concordar.

Skeletá, o sexto álbum de estúdio, soa como os primórdios da banda, quando lançaram Opus Eponymous (2010), misturando ocultismo, guitarras gordas e uma estética musical que transita entre o gótico e o glam.

Produzido por Gene Walker, o álbum se apoia em atmosferas densas e introspectivas, com camadas que variam do metal oitentista ao pop sinistro que poderia muito bem tocar numa pista vazia em 1986. O nome do disco não é à toa: Skeletá, além de “esqueleto” em grego, também pode significar “seco” — e essa secura aparece ao longo do álbum como uma assinatura.

A abertura com Peacefield já estabelece o clima: um coral “quase” sacro abre espaço para guitarras pesadas e melodias que grudam. A sequência, Lachryma, entrega uma porrada mais direta, sem perder aquele açúcar melódico que Tobias gosta de espalhar por cima das músicas da banda.

Logo depois vem Satanized, onde a dualidade da banda brilha: base instrumental robusta, técnica, quase progressiva, contemplada por uma melodia vocal com apelo pop que faz mais de um ouvinte levantar a sobrancelha com interesse.

Agora, se você tiver apenas pouco mais de três minutos, sugiro que ouça Guiding Lights: intimista, emotiva e carregada de sentimento, tudo naquela medida exata entre o pop e o glam/gótico.

Não sou um exímio conhecedor de metal e suas vertentes. Li e ouvi muita coisa sobre o Ghost: que é isso, que é aquilo, que o metal não é isso e que a banda é caricata. Pode ser. Mas também é inegável que o grupo estourou a bolha, toca no mundo pop e, se por um lado são odiados na cena do metal, por outro são os estranhos satânicos do mundo pop, gerando curiosidade e medo, na mesma intensidade.

E o mais importante: Papa V Perpetua continua cagando pra sua opinião. E pra minha também.

7.1

Skeletá – Ghost

Gravadora: Loma Vista

Pop satânico, guitarras intensas de hard rock e zero preocupação com sua opinião de metaleiro sabichão.

Frederico Di Lullo

Frederico Di Lullo

Redator publicitário, letrólogo, jornalista & fotógrafo de shows, nasceu na Argentina, coleciona vinil, é fã incondicional de música e um exímio apreciador de artes degeneradas.

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