Resenha: Maré Tardia – Sem Diversão Pra Mim (2025)
Numa madrugada qualquer, entre o zumbido insistente de um ventilador velho e a luz trêmula de um poste de esquina em Vila Velha, quatro caras decidiram transformar o desassossego. Assim é que deve ter surgido a banda Maré Tardia, que no dia 30 de abril lançou Sem Diversão pra Mim, seu segundo full-length.
Desde sua formação em 2019, o grupo tem se destacado pela mistura de influências que vão do surf punk ao indie rock, passando pela psicodelia setentista. O lançamento deste segundo álbum acontece após três anos de amadurecimento musical desde seu trabalho de estreia, representando um refinamento da identidade sonora do quarteto
Musicalmente, o Sem Diversão Pra Mim entrega timbres que flertam com o caos dos Stooges, a melancolia de Joy Division e referências nacionais como Los Hermanos e Titãs. Mas ainda assim, a banda transforma referências em identidade própria, com arranjos que pesam na medida e vocais que soam como o último grito de quem não tem mais nada a perder. Destaco a faixa Já Sei Bem, Azur e Ian Curtis, mas gostei do álbum, como um todo.
Por isso, a combinação de influências diversas com uma identidade sonora própria, somada a letras sinceras e performances intensas, faz deste álbum uma obra significativa da música alternativa nacional em 2025 e que, muito provavelmente, deve entrar nas escolhas dos melhores do ano.
Escute:
Sem Diversão Pra Mim – Maré Tardia
Gravadora: Deck
Maré Tardia entrega um som carregado de guitarras e letras intensas, misturando uma certa tristeza com a energia do punk em músicas que capturam o espírito dos dias de hoje.