Resenha: Matanza Ritual – A Vingança é o Meu Motor (2025)
Acho que o primeiro show do Matanza a que fui foi em 2007. Eu tinha 19 anos e a banda estava no auge do seu sucesso: era a queridinha da MTV, o Jimmy London encarnava aquele estereótipo de roqueiro beberrão, e as músicas falavam de surra, jogatina, ficar locão de uísque e faroeste. Seja idiota, infantil ou extremamente bizarra, essa época foi legal pra caralho. A banda era basicamente formada por Jimmy, Donida, China e um baterista.
Corta para 2025. Existem duas bandas derivadas do Matanza (!!!): uma com o Jimmy e outra com o restante da formação original. Uma se chama Matanza Ritual e a outra, Matanza INC. A questão é que a “Ritual” acaba de lançar um novo disco, o primeiro após esse racha, no mínimo, totalmente inusitado.
E assim chega A Vingança é o Meu Motor, o primeiro trabalho desta nova fase. São 13 faixas inéditas, mantendo a essência que consagrou Jimmy London e seus companheiros: thrash metal, hardcore e country muito bem elaborados, com letras carregadas de ironia, crítica social e um olhar ácido sobre o caos humano dos tempos atuais.
Se antes era legal falar que você tinha um chapéu e roubava uma diligência no faroeste, ou ia buscar a chave de roda no carro para entrar numa briga, agora a banda aborda temas “mais maduros”, como a coragem de enfrentar a vida diante da morte, escolhas e suas consequências, ou o sufoco que o trabalho impõe à nossa geração.
Por isso, A Vingança é o Meu Motor é visto como uma evolução natural de Jimmy, agora acompanhado pela trupe de Amilcar Christófaro (bateria), Felipe Andreoli (baixo) e Antônio Araújo (guitarra). A banda tem se apresentado ao vivo em várias cidades do Brasil nos últimos anos, lotando espaços de pequeno e médio porte.
Então, eis aqui um belo desafio: será que esta será mais uma banda vivendo do passado ou conseguirá escrever uma nova história? Parafraseando a banda na letra de Conclusão ou O Segredo no Olho do Morto: “No fim, quem vai lembrar de mim?”
A Vingança é o Meu Motor – Matanza Ritual
Gravadora: Deck
O tempo passa pra todos. Sai o cara brigão e entra o cara que precisa ter coragem para encarar a vida sem hesitar.
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