Resenha: Mukeka di Rato – Generais de Fralda (2025)
Se você achou que depois de três décadas de gritaria, porradas sonoras e um currículo extenso de hinos anti-establishment, o Mukeka Di Rato iria desacelerar, Generais de Fralda chega para provar o contrário. O nono disco da banda capixaba é exatamente o que se espera de quem carrega o estandarte do punk/hardcore brasileiro: sujo, brutal, rápido, cru, real, absolutamente sem filtros e muito necessário.
Produzido por Rafael Ramos e lançado pela Deckdisc, o álbum é bom. Não é fácil ter 30 anos de estrada, de banda. E isso, sem dúvida, precisa ser celebrado.
Mas quando falo em celebração aqui, é bom deixar claro: nada de discursos ensaiados ou festinhas cheias de pose, gravação de DVD ou live com amigos. A comemoração é com K7 limitado a 25 cópias, CD prensado em 500 unidades, vinil de 300 cópias e um streaming lotado de pedradas que não fazem concessão alguma.
Logo na faixa de abertura, Generais de Fralda, que também ganhou videoclipe, a banda já entrega o recado: estamos cercados por líderes infantis brincando de guerra com o nosso futuro. A crítica política escorre como ácido pelas guitarras sujas do Paulista, Linhas de baixo distorcida do Mozine, bateria categórica do Brek e vocais cuspidos sem dó do Fepaschoal, já acentuado desde 2021 na formação.
E é só o começo.
Na sequência, Predadores Armados e Se Droga, Brasil! mantêm o ritmo insano, como se a banda estivesse presa em um loop eterno de 1995. Engenho de Sangue, o single que antecipou o álbum, é um dos pontos altos: uma marretada sonora que reforça o DNA crítico da banda.
Entre outros destaques, ainda temos Fascism and Big Business e Ferrão, faixas que mantém a atitude lá no ápice, com apenas pouco mais de 20 minutos em 13 faixas.
Em resumo, Generais de Fralda não é um disco feito para novos tempos. É Mukeka Di Rato sendo Mukeka Di Rato: barulhento, incômodo, necessário. E se no final das contas você terminar a audição mais puto da vida, parabéns, você entendeu o recado!
Veja:
Generais de Fralda – Mukeka di Rato
Gravadora: Deck
Para alegria de muitos e tristeza de outros tantos, Mukeka Di Rato não envelheceu, apenas foi ficando mais perigosa e necessária com o passar dos anos!