Resenha: Slavior – Slavior (2007)
Eu juro que quando peguei este disco pra resenhar, eu estava pronto pra descer a lenha nele, sem ouvir um segundo de música sequer. Entre o nome em inglês com direito a um trocadilho, músicas em inglês, tipografia e capa esquisita, eu achava que este auto-intitulado álbum da Slavior seria apenas mais um desses discos de metal genéricos, mal gravados e cheios de chavões. Apesar de ser uma banda americana e com o disco publicado por um selo grande, a Sony Music, o cuidado gráfico com a capa é digno daquela banda de metal do seu amigo esquisito e cabeludo do ensino médio.
Para a minha alegria, logo na primeira faixa, “Origin”, eu percebi que estava redondamente enganado.
A banda é um projeto do baterista Mark Zonder, mais famoso por seu trabalho na banda Fates Warning, com participação de vários outros nomes de destaque, o ex-Michael Schenker e ex-Vinnie Moore, Wayne Findley, e vocalista o Gregg Analla. Porém, apesar de todos serem nomes de respeito no dito metal progressivo, o trio buscou influências em outras fontes, desde o rock e o jazz até o reggae e o funk. Há uma notória influência do Faith No More ao longo do disco, especialmente em “Slavior” e “Give It Up”, e do Dream Theater ao longo de todo o disco.
O resultado é um discaço de uma ponta a outra. Mesmo “Dove”, que começa com uma batida tradicional de reggae, soa estranha no início, mas logo os ouvidos se acostumam e, considerando que o álbum é do longínquo ano de 2007, ela e seu refrão grudento bem que poderiam estar em na MTV da época. O mesmo ocorre com “Altar”, que tem uma pegada quase que de pop rock e guitarras limpas com chorus, e na já mencionada “Give It Up”, com seu pré-refrão marrento e cheio de funk.
Sobra peso, sobra criatividade, apesar da capa chavão. “Slavior” é uma aula de como misturar gêneros sem perder a essência, como ter groove sem perder o peso. Um excelente disco de metal para os que estão cansados de ouvir as mesmas coisas no gênero e destravar o palato auditivo. E, para mim, mais uma lição de que não devo julgar um livro, ou um disco, pela capa.
Slavior – Slavior
Gravadora: Inside Out/Sony Music
Hoje nós aprendemos que (às vezes) não devemos julgar um disco pela capa.