Resenha: The Kooks – Never/Know (2025)
O mundo é um troço engraçado. Logo depois da pandemia, percebi que foi legal ter nascido na minha época (1988). Na minha adolescência e juventude, peguei a virada da internet e a explosão do indie rock, indo a shows e festinhas alternativas em locais que hoje, no mínimo seriam considerados insalubres. E nessa locura, uma das bandas mais cultuadas e ouvidas era o The Kooks.
Eis que, em 2025 e já com os cabelos grisalhos, ouço o lançamento de Never/Know, sétimo trabalho da banda oriunda de Brighton. Agora comandados pelos dois membros originais, o vocalista Luke Pritchard e o guitarrista Hugh Harris, a banda nunca parou de evoluir, mas se mantendo fiel ao indie rock.
E depois de lutar recentemente para encontrar mudanças, The Kooks aceitou seu papel como uma banda irremediavelmente nostálgica dos anos 2000. Pelo menos foi o que eu entendi depois de duas audições: Never/Know atua como um retorno às suas composições características, ao mesmo tempo em que celebra seu gosto pelos clássicos. Meio que catalisa tudo e nós transporta novamente ao Blues Velvet ou ao 1007, para quem viveu a segunda metade dos anos 2000 em Florianópolis.
Composto por 11 faixas, o álbum tem pouco mais de 36 minutos e conta com uma sequência matadora: Never Know e Sunny Baby, ambas singles do álbum e depois emenda com as corretas All Over The World e If They Could Only Know, pra mim, a faixa do disco. Depois o ambiente vai estagnando passando por uma balada como China Town e Let You Go, além o assertivo cover de Paul McCartney na música Arrow Through Me.
Em suma, um trabalho honesto, nostálgico e maduro, que presumo que conecte tanto pessoas mais velhas como eu a pessoas que conheceram a banda nos últimos tempos, ouvindo a banda pelo TikTok. O álbum é perfeito? Lógico que não e acho que peca nos flertes com o reggae e em ir ficar “nostálgico” demais do meio pro final.
Como eu falei no começo, o mundo é um troço engraçado.
Never/Know – The Kooks
Gravadora: Virgin Music Group
O mundo gira, a fita rebobina e, entre um fio de cabelo branco e outro, o The Kooks me devolve aos porões insalubres onde o indie rock sempre foi trilha sonora.