Resenha: Neguinho da Beija-Flor e Xande de Pilares – Empretecendo (2025)
Embora a maioria das resenhas do site, sejam rock, suas vertentes e outros tipos de músicas, quase tudo beirando o alternativo, você fiel leitor, não sabe, mas esse que vos escreve, foi criado no Rio de Janeiro, no meio do samba, com altas rodas de samba acontecendo em tudo que era lugar possível, inclusive no quintal da minha casa.
Para mim, não é novidade então esse universo, o samba, o pagode, o samba enredo, o samba exaltação, o partido alto. Olhando mais para trás, posso trazer para a memória, alguns jongos, a divina Clementina de Jesus que na década de 80 do século passado, era viva e ainda tocava na rádio, ou a inimitável D. Ivone Lara.
Neguinho da Beija Flor, era frequentador ocasional da minha casa. Não muitas vezes, mas algumas memoráveis. Como naquela vez que quando minha família morou em Brasília, meu pai colocou um dos discos dele no talo, no som CCE na sala do nosso apartamento e o barulho foi tão alto, que o peixinho ganho uns dias antes, foi de arrasta..
Desde 1982, eu aguardo Neguinho cumprir sua promessa de fazer o “Samba do Peixe” ou “O Samba que Matou Meu Peixe”.
Digressões a parte, a maioria das canções de “Empretecendo” me são muitíssimas conhecidas. Se a maioria dos pares de Neguinho já se foram para outro plano, os grandes mestres,interpretes ou puxadores das escolas de samba, Neguinho do alto dos seus setenta e poucos, se une a Xande de Pilares (um dos grandes do samba dos últimos anos) e desfilaram em 19 canções o melhor dos melhores repertórios dos dois cantores.
Na vida, a gente tem que jogar na posição que melhor se sai. Neguinho é parte fundamental da minha vida. “Negra Angela”, “Quero Meu Direito de Viver”, “Esmeralda”, “Problema Social”, ganharam novas roupagens, com uma pitada de um apelo mais pop, mas sem perder a essência. Mas o mote dos dois era reunir perolas para mostrar para as novas gerações.
E os convidados? Anderson (Molejo), Zeca Pagodinho, Ferrugem…entre tantos outros.
O resultado?
Além da identidade cultural e empoderamento negro de Xande e Neguinho, trazendo o orgulho afro, e as culturas de: sambas, partidos altos, pagodes e mostrando mais uma vez que, boas letras, bons compositores e o resgate da música através de releitura de canções consagradas, quando se juntam dois craques, dá gol!
Xande tem a grandeza de em diversas passagens do álbum, enaltecer a mítica figura de Neguinho, que é de Nova Iguaçu, mas foi rei na Beija Flor de Nilópolis. Engrandecer, o menino que brincava na vala, que fez amizade na infância com um certo Timoteo (e que são amigos até hoje!), e que em 2025 encerrou sua lida como puxador ou interprete da campeonissima Beija Flor.
O restante, é historia!
Empretecendo – Neguinho da Beija-Flor e Xande de Pilares
Gravadora: Ednax Music/Gold Records
Dois cracaços do samba num encontro absurdo de repertório!