Resenha: Curumim – Boca (2017)
Em seu 5º álbum intitulado “Boca”, Luciano Nakata Albuquerque, o Curumin, cantor e instrumentista Paulistano, mistura muita musicalidade e cotidiano brasileiro com hiphop,samba e muita programação eletrônica. O disco produzido por Curumin, Lucas Martins e Zé Nigro, conta com a parceria de amigos e compositores como Russo Passapusso, Rico Dalassam e Indee Styla.
Diferente dos últimos dois álbuns, o conceituado “ Japan Pop Show”(2008) e “Arrocha”(2012) onde é notória maiores influências do jazz e samba, o novo trabalho de Curumin “Boca”, cuja capa lembra a clássica capa do álbum “Todos os Olhos” do compositor Tom Zé lançado em 1973, vem carregado de programações, batidas eletrônicas e baixos melódicos. Seu processo de composição e criação através da junção de vários fragmentos recortados que se encaixam como um quebra-cabeça é muito interessante e torna o álbum bem diversificado e visceral.
A faixa “Boca de Groselha” tem um processo criativo muito interessante com inspiração nos temas românticos e linhas de baixo melódicas de Antônio Carlos e Jocafi, dupla de compositores baiana, que fez sucesso na década de 70.
Já a faixa “Boca Pequena”, foi criada na hora em meio as gravações e faz referência à atual situação política do país -“ Corre a boca pequena, paletó, cordão de ouro, amuleto e maleta recheada. Tá firmado o acordo”- “Entre o trono de rei e o banco do réu. Cheio de falsas bandeiras. Apertando maços de Garoupa na carteira. Diabinho batucando no ombro. Ele samba na cara da sociedade”.
A cultura do povo brasileiro fica bem retratada no samba sacana “Paçoca” –“ Nessa vida de Paçoca, soca, soca, soca, soca. Carne seca com farinha, pila, pila, pila, pila”- um reflexo do povo sofrido cheio de problemas que se reúne para procurar um pouco de diversão e alegria.
Boca – Curumim
Gravadora: Natura Musical
Brasilidades em novo álbum. Curumim com cunho político.