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Resenha: Brainwasher – Brainwasher (2025)

Na lista de coisas que eu faria em 2025 definitivamente não tinha nada parecido com “resenhar uma banda de dance punk da Romênia”.

Abro o Spotify. Cansado de tentar ouvir o monótono último álbum do Beirut, vou na playlist programática “Release Radar” pra ver se tinha algo que valesse a pena ouvir e escrever a respeito. Geralmente eu ignoro essa playlist porque a maioria das faixas são de artistas que ouço, mas não o me importo tanto; remixes desnecessários de faixas ou artistas que eu até gosto, mas não me importo o suficiente pra ouví-las; ou pior… COVERS!!!*

*insira aqui raios, trovões e cavalos relinchando no melhor estilo Frau Blucher.

A primeira recomendação era este EP recém lançado: Brainwasher. Capa multicolorida, tipografia que parece saída de um flyer de rave de 2002, e um nome que me remeteu imediatamente à música do Daft Punk. Pensei que poderia ser a alguma banda de industrial genérica, ou talvez a um projeto paralelo do The Prodigy que eu não conhecia. Mas, como eu já estava num limbo musical, pensei: por que não?

Brainwasher é uma banda de dance punk de Bucareste, na Romênia. Para os não familiarizados com este subgênero, Não tem nada de sintetizadores, samples ou produção plastificada. Dance — ou Disco, dependendo da vertente — é só porque é um som cadenciado e bom pra dançar. O som é seco, direto ao ponto, feito só com guitarra, baixo, bateria e um vocal enterrado em sujeira. É dance punk no espírito: o ritmo te empurra pra frente, mas a textura é toda rachada, crua, cheia de aresta.

As seis faixas passam num piscar de olhos, com linhas de baixo pulsantes, guitarras cortantes e uma bateria que parece querer te atropelar. Tem algo de John Spencer aqui, um pouco de Death from Above 1979, talvez até Nation of Ulysses dançando bêbados num galpão abandonado. Não tem refrão grudado nem preocupação com hook: é energia pura, urgente, quase raivosa. Punk dançante feito com raiva e sem filtro.

Curioso, fui atrás da banda no Instagram. Começaram a pipocar reels de shows: quatro rapazes num porão esquisito todo pichado e cheio de cartazes e adesivos, tocando pra uma plateia que curtia freneticamente a performance. Era exatamente o que eu esperava. Nada ali parece montado — é suor, barulho e entrega total. Você vê e sente a mesma urgência que tá no som.

Brainwasher é punk como ele deveria ser. Rápido, cru e cheio de energia. Seis músicas em dezesseis minutos e nada mais a acrescentar. E, sinceramente? Obrigado, Release Radar. Prometo te dar mais chances daqui pra frente.

7.7

Brainwasher – Brainwasher

Gravadora: Foreign Humor

Bom, aparentemente existe música punk até na Romênia e eles mandam bem pacas!

Alexandre Aimbiré

Alexandre Aimbiré

Estudante de Letras, guitarrista de fim de semana, DJ ocasional, leitor ávido de Wikipédia e escritor de romances de gaveta. Manézinho de nascimento, criado em Porto Alegre e atualmente mora em São Paulo. Como todo bom crítico, já tocou em várias bandas que não deram em nada.

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