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Underfloripa Entrevista: Voorish (SC)

Formada em Florianópolis durante o cenário pandêmico de 2021, a Voorish rapidamente se destacou como um dos nomes mais inquietantes do Black Metal brasileiro, canalizando sentimentos obscuros e temas como misantropia, satanismo e o desprezo pela humanidade em uma sonoridade pesada e autêntica. O álbum de estreia, autointitulado, traz letras que abordam morte, destruição e apocalipse, rejeitando qualquer traço de positividade e entregando uma experiência honesta e visceral ao ouvinte.

A seguir, conversamos com os integrantes da Voorish para entender mais sobre o processo criativo, as influências e o posicionamento da banda no cenário do metal extremo nacional.

UF: O Voorish é conhecido por explorar temas ocultistas e filosóficos em suas letras. Como vocês enxergam a importância de provocar reflexão no público através da arte extrema, e qual mensagem gostariam que ficasse marcada após um show ou audição do álbum?

R: Acreditamos que todos os seres humanos carregam dentro de si coisas ruins e pensamentos sombrios, uns mais, outros menos. É importante ter esta consciência e lidar com isto de maneira racional. Gostaríamos que, quando as pessoas ouvissem nosso trabalho, externalizassem todo este sentimento naquele momento, como se extravasassem através da música extrema.

UF: A sonoridade do Voorish traz elementos tradicionais do Black Metal, mas também nuances experimentais e atmosferas únicas. Como se dá o processo criativo coletivo da banda e quais influências fora do metal vocês consideram essenciais para o som atual do grupo?

R: Todos somos músicos provenientes do Thrash e Death Metal da cena underground Catarinense, era inevitável que estes estilos estivessem presentes ali nas composições. Nosso primeiro álbum teve muita influência do ex guitarrista (Servus Inferni) nas composições, por mais que o Vocal (Devil From Chaos) seja o idealizador do projeto e tenha ajudado no aspecto estrutural das composições. Hoje, nesta nova fase, estamos reformulando a banda com mais influências de todos, já projetando um possível novo álbum para 2026.

UF: A cena underground brasileira é desafiadora, mas também repleta de paixão e resistência. Que experiências positivas vocês já viveram em turnês ou eventos nacionais que ilustram a força do Black Metal no Brasil? E como é fazer Black Metal numa cidade como Florianópolis?

R: A cena underground é bem complexa e nada fácil. Esse papo de união underground nem existe e é um papo furado que inventaram, as pessoas gostam de fantasiar coisas legais sobre isso. O negócio é meio que cada um por si mesmo, precisamos ser honestos aqui. Já tivemos experiências boas e ruins, mas de todas as situações, as boas conexões com as pessoas certas fazem valer a pena toda a energia empregada.

UF: Nos últimos tempos, o Black Metal foi muito associado ao neonazismo (inclusive em reportagens da grande mídia). Como a banda vê isso dentro da cena brasileira Nacional?

R: Todo tipo de extremismo é um retrocesso a humanidade e totalmente abominável, inaceitável, nós condenamos e não estamos associados a este tipo de ideologia. Dito isto, é importante tomarmos consciência que esta reportagem maluca foi extremamente tendenciosa, não corresponde com a realidade da cena. Chegaram ao absurdo de postar imagens de bandas que não tinham nada a ver com isto, puseram toda a cena de BM no mesmo “balaio”. Não temos dúvidas de que existem bandas que compactuam com esta ideologia ridícula, mas são um número totalmente inexpressivo e não fazem parte da verdadeira cena Black Metal. Tais bandas não se criam e não fazem parte de shows e eventos. Em resumo, criou-se um estigma em cima do Black Metal, como se todos fossem NZS. O estilo não é para todos, e se você não gosta, é recomendável que não compareça aos shows, porque é indigesto para pessoas sensíveis. Falamos sobre morte, suicídio, misantropia, satanismo e aversão a tudo que venha do ser humano. Só não nos associem ao neonazismo ou qualquer outra ideologia ridícula.

Obrigado à banda pela entrevista e ouçam Voorish, fuckers!

Frederico Di Lullo

Frederico Di Lullo

Redator publicitário, letrólogo, jornalista & fotógrafo de shows, nasceu na Argentina, coleciona vinil, é fã incondicional de música e um exímio apreciador de artes degeneradas.

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